Entre teorias e bytes


Isto é vs. Isto era ? (em português)

Posted in Théories / Débats by fabiohp on March 31, 2006

Link do artigo:

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=374IMQ004

CARTA AO CHEFE
Como a IstoÉ tornou-se IstoEra

Luiz Cláudio Cunha (*)

Mensagem enviada pelo signatário, editor de Política da sucursal de Brasília da IstoÉ, a Carlos José Marques, diretor-editorial da IstoÉ – com cópias para Domingo Alzugaray, diretor responsável da Editora Três, e Alberto Dines, editor responsável deste Observatório. O OI procurou Marques por e-mail, às 19h43 de segunda-feira (27/3), solicitando uma manifestação sua; passadas 24 horas, não obteve resposta. De todo modo, o espaço para sua réplica está garantido. Intertítulos da Redação do OI. (L.E.)

"Jornalismo é a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter." Cláudio Abramo (1923-1987)

Marques, eu não o conheço e, certamente, V. me conhece menos ainda. Sou um devoto da palavra escrita. Minha inspiração é o bravo Churchill, meu conservador predileto, que atravessou as madrugadas de Londres iluminadas pelas bombas da Luftwaffe ditando bilhetes, lapidando discursos memoráveis e escrevendo a História que o faria ganhar a guerra. Como o velho bulldog inglês, estou com a alma angustiada pelo bombardeio da semana passada, que detonou o emprego de dois editores na sucursal, Amaury Ribeiro Jr. e Donizete Arruda e, por conseqüência, do chefe Tales Faria, demitido ao reagir com a dignidade devida à sua injustificada blitzkrieg. Sei que nem bilhete, nem discurso vão apagar este incêndio, mas silenciar agora seria admitir que V. está no caminho da vitória. "Não se ganham guerras com retiradas", advertiu o sábio Winston ao povo inglês, ainda inebriado pelo épico milagroso de Dunquerque. A inglória e enganosa retirada de Brasília marca um atalho perigoso para a derrota. Não se abate impunemente um profissional do talento e da integridade de Tales Faria sem lançar um véu de maus presságios sobre os novos tempos. Sob o comando dele, ao longo de sete anos, a Sucursal de Brasília de ISTOÉ chegou a sete finais de Prêmio Esso – e faturou três, uma delas com o demitido Amaury. O Tales – ao contrário de V., Marques – atende com sobras aos dois paradigmas expressos pelo Cláudio Abramo para esta profissão tão marcada por bombas, retiradas, derrotas, vitórias, dignidade e vilanias.

Com 55 anos de vida e 37 de estrada, já vi muita coisa bonita e muita coisa feia nas redações de jornais e revistas. Com este longo prontuário, sou praticamente uma página virada e, neste aspecto, V. ainda é um noviço no jornalismo. Eu só tenho passado e V., pelo que vejo, só tem futuro, muito futuro. Por isso, não quero perder aqui a chance de discutir não nossas carreiras, com inflexões tão distintas, mas o futuro imediato de algo que preocupa a todos nós: a revista ISTOÉ. Compartilho este debate com outras duas pessoas, e justifico. O Seu Domingo, por ser o interessado direto no futuro de sua revista, condicionado ao perfil e ao conteúdo dos profissionais que vão garantir sua qualidade e sua relevância. E o Dines, por ser o responsável e mentor do Observatório de Imprensa, um espaço nobre e influente na internet dedicado justamente ao objetivo central desta carta: a reflexão, a crítica, o debate maduro e responsável do que pensamos e do que fazemos como jornalistas, desde o mais modesto repórter até o mais poderoso chefão – como V., Marques.

Vivemos tempos muito estranhos, em que as coisas que precisam ser ditas ficam escamoteadas, camufladas, sussurradas, caladas. Nada se reclama, nada se critica, para preservar amigos, cargos, salários, posições, espaços de poder, enquanto o jornalismo vai se diluindo e dissolvendo na sua incapacidade de autocrítica. Não sou de freqüentar boteco, nem de extravasar minhas mágoas em mesa de bar, Marques. Prefiro ganhar a guerra resistindo, pensando e escrevendo. Sem mágoa, nem ressentimento, prefiro escancarar aqui – com a ajuda do Observatório da Imprensa – uma discussão que, na nossa restrita área de influência, ficaria confinada às conversas pouco conclusivas que envolvem só os personagens diretamente interessados – o diretor que demite, o chefe demitido, os editores perplexos, os repórteres confusos, todos nós desorientados e apreensivos com o novo passaralho que vem por aí na semana que vem, no mês seguinte, quem sabe?

Quero quebrar esta caixa preta e propor, com a serenidade recomendável e a prudência necessária, um debate sobre o papel que todos nós temos no empobrecimento continuado de algumas de nossas principais revistas semanais. A crise econômica, o custo do papel, a retração dos anunciantes, a concorrência da TV, o surgimento da internet e outros quesitos geralmente justificam a recorrente onda de enxugamentos nas redações de jornais e revistas, nivelando por baixo salários e profissionais. Esta é uma dura realidade, que não é nova nem parece prestes a acabar. Pelo contrário.

Onde o norte?

Neste quadro recessivo, que inquieta patrões e assusta empregados, é natural o surgimento do "jornalismo de resultado" e seus profetas – os executivos moderninhos que prometem redações baratas, revistas idem, amenidades muitas e reflexão zero. Apostam no padrão do leitor que consome mas não pensa, no perfil Homer Simpson que se satisfaz com o atendimento às suas demandas meramente consumistas, do estilo shopping center que simboliza o templo de devoção da classe média e seus periféricos. Para este tipo de leitor, com tanto a comprar e tão pouca disposição para ler, o jeito é o modelito USA Today, o jornalão fast food destes tempos midiáticos para uma leitura rápida, calórica e saborosa como um Big Mac. Assim, nossas semanais sofrem cada vez mais a tentação de atender a este novo mercado emergente, abdicando de sua função primordial: o texto mais consistente, mais abrangente, para refletir e ponderar sobre a salada de informações frenéticas e redundantes que o dia-a-dia de jornais, rádios, TVs e internet enfia goela abaixo do cidadão.

A revista, que devia ser o oásis de reflexão para ajudar o pobre leitor a atravessar esta overdose semanal de notícias e mais notícias, abdica de seu papel e mergulha no turbilhão do jornalismo rápido e rasteiro. A estética vale mais do que a essência. A forma se impõe ao conteúdo. O texto curto confina os detalhes. A foto, espelhada e escancarada, come os espaços de uma informação cada vez mais estrangulada. Tudo induz uma leitura ligeira, quase leviana, para não afrontar o relógio e a agenda do nosso leitor tão apressado. E, em vez de procurar saciar a fome de informação e conteúdo, a revista sucumbe e se submete à magra dieta jornalística que ela diz ser exigência do leitor moderno. Alguém está enganando alguém neste jogo.

Como a idéia, aqui, é dizer o que precisa ser dito, devo ser franco e direto: a atual ISTOÉ conseguiu, no espaço de poucas semanas, conquistar a merecida pole position no grid da mediocridade nacional. Uma revista, como diria Otto Lara Resende, bonitinha mas ordinária. Das grandes semanais brasileiras, clube que ela sempre integrou com honra e mérito, ISTOÉ hoje se transformou num arremedo da revista instigante, provocativa, inteligente que era. Sob seu tacão, Marques, a revista afundou num mar de futilidades e amenidades, tragada por uma pauta desorientada e açoitada por textos curtinhos de idéias e de talento.

Para uma semanal que já teve em seu timão capitães do porte de Mino Carta, Tão Gomes Pinto, Milton Coelho da Graça e Hélio Campos Mello, seria justo esperar uma travessia e um rumo mais definido. A revista perdeu o norte e corre o sério risco de virar uma publicação fútil e irrelevante, incapaz de arrastar o leitor de sua casa até a banca mais próxima. Leitor só levanta o traseiro do comodismo, como diria o companheiro Lula, atraído pelo furo, pela reportagem bem apurada e bem escrita, pela matéria que faz história, que consola os aflitos e aflige os consolados.

Bicada inexistente

ISTOÉ, pelo jeito, não quer afligir mais ninguém, principalmente os poderosos. Deve ser por isso que a ISTOÉ desta semana consegue o milagre de produzir uma matéria sobre o caseiro Nildo, aquele que viu as bandalheiras da "República de Ribeirão Preto", sem citar uma única vez o santo nome de Antonio Palocci. E discorre sobre a vergonhosa quebra de sigilo do caseiro omitindo acintosamente o nome do assessor de imprensa Marcelo Netto, um dos suspeitos de envolvimento no crime. Reclamo porque fui eu que escrevi a matéria, e nela constavam os dois nomes – Palocci e Marcelo. Meu texto foi lipoaspirado, desintoxicado dos nomes do ministro e do assessor, e assim publicado. Por isso, recusei assinar a matéria, que não refletia o que o repórter mandou de Brasília na noite de quinta-feira 23 . E nem precisaria tanto drama, porque os nomes da dupla já estavam, desde manhã cedo, nas edições da Folha de S.Paulo e do Correio Braziliense. A revista não estaria fazendo carga contra ninguém, estaria apenas sendo fiel aos fatos. Perdeu uma bela oportunidade de não ficar calada. Até porque, momentos atrás, o Palocci acaba de se demitir, por todos os motivos que tínhamos e não explicitamos.

Ainda bem que a concorrente, a VEJA, cumpriu seu dever direitinho, colocando inclusive uma foto do Marcelo ao lado de seu protegido. Até o colunista Diogo Mainardi, sob o título um tanto explícito de "Marcelo Netto, Marcelo Netto", disse com toda a clareza: "Quem difundiu o extrato bancário do caseiro foi o assessor de imprensa de Palocci, Marcelo Netto. Desde a semana passada, todos os jornalistas sabiam disso. Marcelo Netto é jornalista. E jornalistas não denunciam jornalistas".

Silêncios assim, inexplicáveis, é que incomodam tanta gente que, como o filósofo Millôr Fernandes, acha que jornalismo é oposição – o resto é armazém de secos e molhados. Uma revista semanal com a história de ISTOÉ não pode acabar disputando espaço no cesto de revistinhas de sala de espera de dentista. Ninguém tem o direito de malbaratar o esforço sério de tantos profissionais talentosos, ao longo de tantos anos, que ajudaram a construir o prestígio e a importância de ISTOÉ no jornalismo brasileiro.

Falo isso porque o exemplo que vem de cima é preocupante. Sua estréia na direção da revista, na edição 1894 (de 8 de fevereiro de 2006), foi bombástica: uma entrevista forte de FHC. Título da chamada na capa: "A ética do PT é roubar". Só pra lembrar:

Era uma frase candente, que até destoava um pouco do estilo medido e comedido do elegante doutor honoris causa de Cambridge, Sorbonne e quetais. Por isso, valia o quanto pesava. O PT ficou tão furibundo que anunciou processo na Justiça pela injúria publicada. Mas exatamente um mês depois (8 de março de 2006), Cláudio Humberto publica a seguinte nota em sua coluna, sempre bem informada e comentada:

A dedução que se faz, a partir destes fatos, é que a bicada do tucano-rei simplesmente não existiu. Alguém no comando da revista achou por bem melhorar o que FHC diz, sempre com elegância e na maioria das vezes com propriedade. Ou seja, enxertaram uma frase, dura e agressiva, na conversa gravada de um ex-presidente da República, e tascaram o remendo na capa da revista! Em qualquer publicação séria, isso seria motivo para uma rápida apuração e inapelável demissão. Mas nada aconteceu.

Explicação possível

Podia ter sido um acidente de percurso, algo a ser relevado, travessura que não se repetiria mais. Bola pra frente! Mas eis que, quatro edições seguintes, na ISTOÉ 1898 (de 8 de março de 2006), que tinha como capa a pandemia da gripe aviária, é reservada a entrevista das páginas vermelhas ao ex-governador Anthony Garotinho, candidato dali a dez dias nas prévias do PMDB. E a gripe que deixou bicudo FHC também contaminou o coitado do Garotinho. A assessoria do ex-governador percebeu, com natural perplexidade, que o texto trazia não só respostas não dadas, mas perguntas que não haviam sido feitas, conforme os registros gravados da conversa. Vou reproduzir apenas o trecho que melhor identifica o foco da doença. É o seguinte:

1) TEXTO GRAVADO E TRANSCRITO DA CONVERSA:

ISTOÉ – Como o sr. vê a tentativa dos governistas de abortar as prévias?

Garotinho – Sem dúvida, é golpe. A prévia foi estabelecida em convenção e regulamentada pela executiva nacional. Todos participaram de tudo, inclusive os governistas. O verdadeiro motivo que os move é a vontade de entregar o partido ao PT.

2) TEXTO PUBLICADO NA REVISTA:

ISTOÉ – Líderes do PMDB intencionam ir à Justiça contra as prévias no partido. O sr. gosta dessa idéia?

Garotinho – (…) É uma tentativa de golpe, sem dúvida. A prévia foi estabelecida em convenção e regulamentada pela Executiva Nacional. Todos participaram de tudo, inclusive os governistas. Não dá para mudar as coisas assim, de uma hora para outra, como se fazia antigamente, num acerto de caciques que os índios têm de cumprir. O verdadeiro motivo que os move é a vontade de entregar o partido ao PT.

Menos mal, cara-pálida, que o Garotinho tenha deixado pra lá a travessura e evitado repetir FHC. Mas, cá pra nós, Marques, não dá para mudar as coisas assim, de uma hora para outra (…) num acerto de caciques que os índios têm de cumprir! (Sei não, mas fui tomado, agora, por uma enorme sensação de dèja vu…)

Pesquisando nos arquivos implacáveis do Google, que já não nos deixa dormir em paz, descobri que este mal insidioso grassou em outra redação, por coincidência dirigida por V. Muito antes do Garotinho, foi o garotão de Mr. Bush no Brasil, o embaixador John Danilovich, que protestou contra os graves sintomas da gripe. Pelo jeito, é pandemia mesmo! O vigilante Observatório da Imprensa publicou, no dia 17 de agosto de 2004, a seguinte matéria:

ISTOÉ DINHEIRO

Embaixada americana contesta entrevista

[do release da embaixada]

IstoÉ Dinheiro montou "entrevista" com embaixador Danilovich

A "entrevista" com o embaixador John Danilovich apresentada pela revista IstoÉ Dinheiro na edição de 11 de agosto, intitulada "10 Perguntas para John Danilovich", foi uma montagem.

O artigo apresenta uma colagem de trechos da palestra do embaixador Danilovich no Instituto Fernando Henrique Cardoso, dia 3 de agosto, além de respostas dadas pelo embaixador a um grupo de jornalistas no mesmo evento – a "entrevista" da IstoÉ Dinheiro não menciona o fato de que o jornalista Marco Damiani fez apenas três das cinco perguntas colocadas durante aquela conversa.

A embaixada enviou à redação da IstoÉ Dinheiro a seguinte carta, que não foi publicada na edição desta semana (18 de agosto):

Brasília, 11 de agosto de 2004

Diretor de Redação, Dinheiro

Fax: 11-3611-6411

dinheiro@zaz.com.br

Gostaria de alertar os leitores sobre o fato de que sua recente "entrevista" com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, foi montada. O repórter Marco Damiani, da Istoé Dinheiro, na realidade não fez uma entrevista com o embaixador. Em vez disso, entre cinco perguntas que alguns jornalistas dirigiram ao embaixador durante o intervalo de um seminário, três foram feitas pelo repórter . Várias das "perguntas" incluídas na sua entrevista nunca foram formuladas. O repórter tirou as últimas três respostas, fora de contexto, dos comentários preparados pelo embaixador para o seminário, cujo texto pode ser encontrado na íntegra na homepage da embaixada: (http://brasilia.usembassy.gov).

Esse formato montado de "entrevista" foi desonesto e é um desserviço aos seus leitores.

Obrigado

R. Wesley Carrington, adido de Imprensa

Um atento infectologista perceberia que o ponto em comum entre os dois pacientes, o ex-presidente e o ex-embaixador, é o editor executivo de ISTOÉ Marco Damiani, que ciscou nos dois quintais e deve ter sido contaminado. É a única explicação possível. Esta gripe quase secreta, que não deveria jamais atingir redações saudáveis e imunes ao vírus do esquentamento, não é o único problema da revista. Outro, mais escancarado e visível, atinge o coração do atual projeto editorial da revista: as fotos. Antes expressão da verdade, estágio cru da notícia, a foto nas suas talentosas mãos virou artifício para dourar a realidade e, desta forma atravessada, pregar pequenas peças no leitor incauto.

Boa idéia, mal copiada

Na edição 1895 da ISTOÉ (de 15 de fevereiro de 2006), V. publicou uma matéria de Comportamento, "Na onda das mulheres surfistas", no velho modelito 1 x 1 – uma página com uma bela foto, uma página com um texto leve, ligeiro, rapidinho, no gênero bobinho que V. imagina fazer tanto sucesso. Pois a foto, um belíssimo tubo de onda azul por onde desliza a catarinense Jacqueline Silva, campeã mundial do circuito em 2001, é uma pegadinha, um truque para enganar o leitor.

Alguém desatento pensaria que era um tubo portentoso num santuário havaiano. Alguém mais atento veria, no canto esquerdo inferior da página 48, que era uma reles montagem. Cruzes!, V. adora montagens, Marques! Como a contenção de despesas não recomenda gastar uma passagem ida e volta São Paulo-Havaí, o que lhe pareceu mais inteligente foi recortar o rosto da garota e colar sua carinha bonita no corpo – certamente não tão bonito quanto o original verde-amarelo – de alguma surfista privilegiada do Pacífico. (Espero que a Jacqueline, a surfista americana e o fotógrafo da AP, Pierre Tostee, autor da foto remendada, não nos leiam, senão os advogados terão ainda mais trabalho…) E viva o Santo Photoshop!

Só pra relembrar, aqui vai de novo a foto, aliás muito bonitinha:

No caso da Jacqueline, ainda existe a atenuante do crime confessado, a montagem. E quando ela não é anunciada? Bem, aí é processo na certa, como anunciou o ex-ministro José Dirceu. Na edição 437 (de 1º de fevereiro de 2006), a ISTOÉ Dinheiro, também dirigida por V., conseguiu fazer tudo errado numa única página, a 31. Na matéria "Dirceu sem destino", o ministro easy-rider aparece como o futuro proprietário de uma bela moto Harley Davidson de R$ 90 mil, que já estaria sendo produzida na fábrica de York, EUA. Para coroar o bolo, uma bela foto do Dirceu, todo pimpão, com tênis, jeans, jaqueta e luvas, montado na poderosa V-Road da Harley. Para quem duvida, olha ele aí, gente!

De novo, o velho truque: é a cara do ministro num corpinho que nunca foi dele. E, desta vez, nem há indicação de que tudo é montagem. O Zé Dirceu, que não é nenhum Garotinho, leu a travessura no exterior e mandou o advogado processar a revista pela traquinagem. Ele diz que não comprou, não vai comprar e, pior, nunca pilotou uma moto.

Quando não é a montagem, é a clonagem. É uma rima, mas não é uma solução. Por tudo que tenho ouvido a seu respeito, V. é um obcecado por belas fotos, especialmente fotos da imprensa americana, tipo Time ou Newsweek. Acho uma boa, até porque a imprensa de Tio Sam ainda é a melhor do mundo, apesar do momento vil e covarde que vive, intimidada pela direita, pelos falcões do Pentágono e pelo fundamentalismo religioso do bando de paranóicos que cerca o apalermado W.Bush. Voltemos às fotos: V. junta, reúne, espalha, guarda na gaveta toda e qualquer foto que lhe pareça boa. Acho bom se inspirar em coisas de qualidade. Mas inspirar não é copiar! Assim como a foto da gatinha surfista, V. distribui cópias via fax da foto eleita e pede outra igual, exatamente igual.

Se não é possível a clonagem, pura e simples, vem a montagem, dura e seca. Na capa da edição 1899 da ISTOÉ (de 15 de março de 2006), V. nos brindou com uma capa do nosso astronauta. Lembra?

Pois é. Parecia uma boa sacada. O rosto sorridente do nosso herói espacial enfiado no seu reluzente capacete prateado, metido num terno com gravata num tom azulado – uniforme esquisito para um tenente-coronel da ativa da FAB, como é o caso do nosso simpático Marcos César Pontes. Mas, na semana passada, um amigo chato, desses que não deixa passar nada, passou diante da prateleira de revistas importadas, no aeroporto de São Paulo, e o que ele viu ali? Uma ISTOÉ importada? Não, uma ISTOÉ clonada. Observe:

É uma edição da revista americana Business 2.0 , que pode ser acessada no sítio http://www.cnnmoney.com, com uma capa exatamente igual. É um sujeito, sem o sorriso e a simpatia do nosso astronauta, enfiado no mesmo capacete prateado, com um terno escuro e a gravata, aqui, vermelha. Mas, neste caso, o terno não parece inadequado, diante do título da capa: The Entrepreneurs´s Guide to the Galaxy (algo como o "Guia de Empreendedores para a Galáxia"). O tema aqui é o filão de milionários e aventureiros abonados que, um dia, farão turismo espacial. Nada a ver com coronel de salário mixuruca de Força Aérea.

No caso da Businnes, a foto fazia sentido. No caso da ISTOÉ, a foto é um absurdo. O pior é que a ISTOÉ não foi clonada. É o contrário. A edição americana tem a data de capa de 27 de fevereiro de 2006 – duas semanas antes da brasileira. Mais uma grande idéia, mal copiada e mal executada, que brotou da gaveta inesgotável do diretor de ISTOÉ. Que mau exemplo, Marques!

A velha e boa semanal

V. poderia alegar que este é apenas mais um caso de "foto-referência", que hoje virou clichê na redação da revista, junto com a "foto-conceito" e a "foto-atitude". Não tenho a menor idéia do que seja isso, nem os atarantados fotógrafos de sua equipe, mas talvez seja outro belo tema para o Dines abordar no Observatório. Entre algumas das máximas da "ideologia marquesista", explicitada em reuniões com seus editores e repassada a suas equipes, destaco três preciosidades: A saber:

** Jóia 1: "Não gosto de suíte."

Para sorte do jornalismo mundial e da história americana, Mr. Marques não usurpava a cadeira de Ben Bradlee como editor do The Washington Post em 1972. Na noite de 17 de junho, cinco homens invadiram as salas do QG do partido Democrata, na capital americana. Se a dupla Woodward e Bernstein, que assumiu o caso, voltasse dias depois à sala de Mr. Marques pedindo mais espaço para a série que começava a nascer, seriam enxotados: "Não gosto de suíte". E o mundo não conheceria o Caso Watergate, uma bobagem de mais de dois anos que só acabou na noite de 8 de agosto de 1974, com a renúncia do vigarista Nixon.

Na II Guerra Mundial, uma tediosa suíte de cinco intermináveis anos, o gênio Marques teria que escolher um ou outro tema para não cansar seus leitores com a dura rotina do maior conflito bélico da humanidade. O Dia D talvez, Pearl Harbor quem sabe, provavelmente Hiroshima, um ou outro poderiam ter espaço no seu jornal ou revista. Stalingrado? Não, não, é sempre a mesma coisa todo dia, quero novidades. Vladimir Herzog? Vamos dar a missa na Catedral da Sé. E não quero suíte. O Riocentro? Publique o acidente com a bombinha no Puma do DOI-CODI. O resto é suíte. A história que não couber no espaço de uma edição do mestre Marques, bem…..azar da história.

O pior é que a vida, as guerras, os escândalos, os fatos insistem em se estender, prolongar e até repetir, semana após semana, para desespero de nosso intransigente diretor, que deve odiar até a Quebra-Nozes de Tchaikowski. Como o poeta Chico Buarque avisou, o tempo passou na janela e só Marques não viu.

** Jóia 2: "Não quero preto, nem pobre na revista".

É uma visão clean da vida que combina bem com seu estilo aprumado, fashion, de ternos bem cortados e etiqueta de griffe. Mas ficaria bem na Quinta Avenida, em Nova York, não na Lapa de Baixo paulistana. Sua visão estreita e preconceituosa ignora o fato de que o Brasil se estende além dos prédios modernosos, de vidro espelhado, da opulenta Avenida Paulista. Este país varonil de 190 milhões em ação, prontos para vestir verde-amarelo para torcer pelo Brasil-il-il na Copa do Mundo, ainda tem 55 milhões de pobres – gente com renda familiar de meio salário mínimo. É o Brasil que certamente não mostra sua cara na ISTOÉ de Marques.

Pretos e pobres – que coisa mais desagradável! – asseguram ao Brasil o vice-campeonato mundial em concentração de renda, atrás apenas de Serra Leoa. Não fazemos revista para este tipo de gente, até porque, se tivesse algum dinheiro no bolso, certamente iria gastar em comida, não numa edição amena e colorida de ISTOÉ, não é, Marques?

Os leitores apressadinhos da nova ISTOÉ provavelmente não gostariam de perder tempo com as constrangedoras comparações da ONU, mostrando que o mundo gasta US$ 18 bilhões por ano com maquiagem, quando bastariam US$ 19 bilhões para sustentar os 800 milhões de seres humanos – na maioria pretos, seguramente todos pobres – que não têm o que comer. Outros US$ 15 bilhões são desperdiçados com perfumes, US$ 5 bilhões a mais do que o exigido para garantir água num planeta onde 1,1 bilhão de pessoas – todas pobres, muitas pretas – não têm o que beber.

** Jóia 3: "Não gosto de política".

Acho desconcertante que o diretor de uma das mais importantes revistas semanais do país diga tamanha sandice. Goste V. ou não, a Política está aí, desde a Grécia Clássica, para nos apontar os caminhos que o cidadão tem para atender suas necessidades de forma organizada e evoluir como sociedade. Uma revista como ISTOÉ e jornalistas como nós, Marques, devemos sempre pensar e agir, pela via do bom e relevante jornalismo, para que se faça a melhor política e se exclua do meio os maus políticos que a degradam, como ferramenta fundamental da democracia e da liberdade.

V. ainda é muito jovem, Marques, para abdicar desta missão. Brasília, com todos os seus vícios e defeitos, é fundamental para que o país saia do buraco em que está. O Brasil que trate de melhorar Brasília, votando e elegendo em gente melhor. E V., faça sua parte, fazendo uma ISTOÉ boa como antigamente. Nas suas mãos, a velha e boa semanal do Seu Domingo morreu, acabou, já era.

Acabou de nascer a ISTOEra, a ISTOÉ da Era Marques.

Eu, e milhares de leitores, lamentamos.

Saudações, Luiz Cláudio Cunha

[Brasília, 27 de março de 2006]

(*) Jornalista

A resposta do diretor da sucursal da Isto é dinheiro Hugo Studart
Caros confrades,como vocês sabem, estou dentro da Editora Três, sou o chefe da suc da Dinheiro. Há muitas construções equivocadas por parte do Luiz Cláudio Cunha. Essa carta abaixo que vocês começam a debater me afeta diretamente. Inclusive porque o LCC me cita indiretamente. Explico o que está acontecendo:
1) Está havendo mudanças profundas nas revistas da editora. Há três meses o Carlos José Marques, que era o diretor da Dinheiro, assumiu um novo posto, de diretor Editorial. Acumula os postos de diretor da Dinheiro e da IstoÉ (no lugar do Helio Campos Mello). Evidentemente, ele foi colocado ali para mudar, para reagir à crise, para dar sangue novo, para aumentar a circulação, etc. Se era para ficar tudo igual, então não precisava mudar a direção. Ele está conseguindo, a revista está melhorando em qualidade editorial, vendas e publicidade. Enfim, gosto mais como leitor da revista atual do que da anterior.

2) No caso da Sucursal de Brasilia da IstoÉ, haviam um chefe (o Tales Faria) e seis editores com salários bastante altos. O Marques confirmou o Tales como chefe, pura meritocracia. Foi sem dúvida o melhor chefe da história da sucursal. Era para ele ficar. Mas o Marques recebeu ordem de cima de enxugar a sucursal. Então indicou ao Tales a demissão de dois nomes, os editores Donizete Arruda e Amaury Ribeiro Jr. Eram os nomes certos? Deveria manter o Amaury e demitir o Luiz Cláudio? Qual dos seis editores vocês demitiriam? Só que isso não é comigo nem com vocês, foi escolha dele.

3) O Tales não concordou com a escolha. Também é direito dele não gostar. Então pediu demissão. Ficou chateado, evidentemente. Mas saiu corretamente, profissionalmente. O Luiz Cláudio, que há um ano já estava desanimado, dizendo que não queria mais trabalhar na revista, dizendo que gostaria de voltar para alguma assessoria de imprensa, trabalhando muito pouco por conta desse desânimo pessoal, então telefonou para o Marques a fim de bater-boca. Desafiou-o a demiti-lo. E na sequência colocou essa carta abaixo no ventilador.

Esses são os fatos concretos. Se o Luiz Cláudio tem razão em suas observações? É evidente que não. Devo minha vida ao Luiz Claudio. Anos atrás, quando investigava na Veja quem havia jogado uma bomba em Volta Redonda, o CCC planejou minha morte. Seria na porta da minha casa em SP, já haviam até marcado o dia. Foi o Luis Cláudio e o David Renault quem descobriram, denunciaram no Estadão e salvaram minha vida. Sempre serei grato aos dois. Mas preciso dizer que agora, neste momento, o Luis Claudio está errado, está sendo injusto, construindo fatos falsos. Ele não tem razão.

Ele acha que o jornalismo deveria ser mais profundo? Eu também. Por isso gosto tanto de colaborar com a Primeira Leitura e agora vou começar a escrever para um público seleto no site do nosso Baga. Já escrevi até um artigo longo na revista Imprensa, com o título "Sobre Macaquices e Essencialidades", argumentando contra o jornalismo fast-food. Mas não é certo a um profissional de 55 anos e com a história dele sair atirando desse jeito. É muito feio.

É isso
abçs
HUGO

Dois Concursos (em português)

Posted in Agenda by fabiohp on March 30, 2006

UnB abre uma vaga para professor assistente

A faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília está com inscrições abertas para concurso público. A vaga disponível é de professor assistente.
O candidato deve ser portador do título de Mestre na área de Comunicação ou áreas afins, além de ter experiência profissional comprovada na área de Planejamento Gráfico.

A remuneração é de R$ 3.370,12. O período de inscrição vai de 20/03 a 07/04, na Secretaria do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação (Campus Universitário de Darcy Ribeiro, Brasília-DF).
O edital completo encontra-se disponível no endereço eletrônico: http://www.unb.br/srh/editais_cp.htm.
Para outras informações o telefone de contato é (61) 307-1925/3307-3059.

Concurso para professor adjunto – UFRN

NÚMERO DE VAGAS  02 (DUAS)
ÁREA:  RADIALISMO

REQUISITO BÁSICO: Graduação em Radialismo ou Jornalismo; Doutoradoem Comunicão ou em Multimeios ou em Área Correlatas
REGIME DE TRABALHO: Dedicação Exclusiva
REMUNERAÇÃO: 5.100,29
TAXA DE INSCRIÇÃO: 128, 00
PERÍODO DE INSCRIÇÃO: 24 de março a 07 de abril de 2006, no horário de 7h30 às 11h30 e 13h30 às 17h30;
LOCAL DE INSCRIÇÃO: UFRN – CAMPUS UNIVERSITÁRIO –  Centro de Ciências Sociais, Letras e Artes – Departamento de Comunicação Social – AV. SALGADO FILHO S/N – NATAL-RN – CEP: 59078-900.
Telefones: (84) 3215-3560 / 3215-3561 / 3215-3562

As inscrições também poderão ser feitas por via postal expressa, desde que a postagem ocorra dentro do prazo estabelecido neste Edital.
O edital completo encontra-se disponível no endereço eletrônico:
http://www.prh.ufrn.br/Legislacao_2006/EDITAL002_2006.pdf

Chamada de Trabalhos / Call for papers / Appel à Communications – SBPJor 2006 (em português)

Posted in Agenda by fabiohp on March 30, 2006

IV Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJOR
Porto Alegre, 5 a 7 de novembro de 2006
Realização: PPGCOM/UFRGS
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Chamada de Trabalhos

1. Os trabalhos poderão ser encaminhados na forma de comunicações individuais ou de comunicações coordenadas.

2. Comunicações individuais:
O autor deve encaminhar o texto completo, que deve conter entre 20 mil e 35 mil caracteres (com espaço). São obrigatórios os seguintes itens: título, resumo de até 10 linhas, 5 palavras-chave, resumo do currículo do autor em até 3 linhas (incluindo sua vinculação institucional). O texto deve ser redigido em fonte Times New Roman, corpo 12, espaço duplo. Citações recuadas devem ser redigidas em corpo 10, espaço simples.

3. Comunicações coordenadas:
As comunicações coordenadas poderão ser propostas por associados plenos (doutores) da SBPJOR, incluindo um mínimo de três e um máximo de seis trabalhos, com autores de no mínimo três diferentes instituições. O proponente deverá ser um dos autores. São obrigatórios os seguintes itens: título, ementa que sintetize e justifique a proposta da comunicação coordenada com 10 a 15 linhas, 5 palavras-chave. Todos os textos que compõem a comunicação coordenada deverão ser encaminhados completos, seguindo as mesmas regras estabelecidas para as comunicações individuais.

4. Prazo e forma de encaminhamento:
Os trabalhos serão recebidos de 1° de junho a 1° de julho de 2006, através do site www.sbpjor.org.br Não haverá prorrogação de prazo, assegurando assim tempo hábil para que os selecionados solicitem auxílio junto às agências de fomento.

5. Seleção:
As comunicações individuais que estiverem adequadas às regras estabelecidas no item 2 serão avaliadas em seu mérito científico por pelo menos dois pareceristas indicados pela diretora científica entre os associados plenos (doutores) da SBPJOR. Serão consideradas aprovadas as comunicações que receberem dois pareceres favoráveis. Casos de empate serão decididos por um terceiro parecerista ou, na falta de tempo hábil, pela diretora científica. Trabalhos que estiverem fora do tamanho e/ou não cumprirem os itens obrigatórios não serão submetidos a avaliação.

As comunicações coordenadas que estiverem adequadas às regras estabelecidas nos itens 2 e 3 serão avaliadas em seu mérito científico por pelo menos dois membros do Conselho Científico da SBPJOR. Serão aprovadas as comunicações coordenadas que receberem dois pareceres favoráveis. Casos de empate serão decididos por um terceiro membro do Conselho Científico ou, na falta de tempo hábil, pela diretora científica.

6. Critérios de avaliação:
O trabalho será avaliado sob os seguintes critérios gerais: pertinência ao campo da pesquisa em jornalismo, relevância científica, explicitação do problema ou objetivo, adequação e atualização da bibliografia, qualidade da reflexão teórica, explicitação e consistência da metodologia (quando pertinente), domínio da linguagem científica, adequação do título e das palavras-chave ao objeto de estudo.

7. Resultados:
Os resultados da avaliação serão comunicados aos autores das comunicações individuais e aos proponentes das comunicações coordenadas até 31 de julho de 2006. Os trabalhos serão aprovados ou recusados, não havendo aceite condicionado a reformulações.

8. Inclusão nos anais:
A inclusão dos trabalhos nos anais do congresso dependerá da inscrição dos autores até o dia 15 de setembro de 20.

A crise no governo Lula sob a otica do Humanité (em português)

Posted in Théories / Débats by fabiohp on March 29, 2006

Apresentando trabalho na UFPTrata-se de um trabalho apresentado em fevereiro durante ”Jornadas Internacionais – Horizontes do Jornalismo” na Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal). Busca analisar como a crise brasileira foi apresentada e interpretada pelo cotidiano comunista francês L’Humanité.

Abaixo, duas versões do artigo:

Artigo resumido, disponivel no Midia&Politica

Artigo completo (.doc)

Appel à Communication: Le journalisme en Democratie (en Français)

Posted in Agenda by fabiohp on March 24, 2006

Université Paris 8-Saint-Denis.
Ecole doctorale « Pratiques et théories du sens »
Journée d'étude de l'équipe d'accueil du laboratoire « Théories politiques
et rapports sociaux ».

LE JOURNALISME EN DEMOCRATIE : UN CONTRE-POUVOIR IMAGINAIRE ?

Les discours critiques contemporains sur les médias assignent au
journalisme cette fonction spécifique : la participation à l’organisation
d’un débat public absolument libre, permettant l’_expression et la
confrontation de toutes les paroles. C’est à partir de cet a priori
normatif que ces discours critiquent les manquements supposés de cette
profession. Sur ce point, ces discours rejoignent une définition plus
consensuelle de sa fonction, qui est de contribuer au débat d’idées
démocratique. Difficile, en effet, d'imaginer une délibération publique
sans mise en scène.

Mais cette fonction du journalisme est fragile, facile à détourner. D’une
part, en tant que le journalisme permet une mise en scène du débat
public, il réduit nécessairement la diversité des discours tenus, pour
n’en sélectionner qu’un certain nombre, érigés « représentatifs ».
D’autre part, cette sélection a lieu dans un environnement institué, les
rédactions, qui sont soumises à un ensemble de contraintes pesant sur la
production et la sélection des discours.

Pour autant, nous supposons ici que la critique des pratiques
journalistiques en termes de domination n’épuise pas l’ensemble des
discours pertinents sur ces deux aspects du journalisme. En effet, les
mécanismes de domination sont en partie connus des journalistes
eux-mêmes. Contre eux, les professionnels de la presse développent des
jeux multiples : oppositions, résistances, ironie… Nous supposons ici
que la confrontation du journalisme au pouvoir est l'arène, le champ de
bataille où se développe l'imaginaire propre aux journalistes. Ce qui
nous amène à l'hypothèse que la confrontation au pouvoir joue un rôle
moteur de leur activité.

Cette journée d’étude, prévue dans le courant du mois de septembre 2006
(date à préciser), se propose donc de saisir les moyens développés par
les journalistes pour utiliser, amoindrir et subvertir les relations de
pouvoir dans lesquels ils sont pris, et dont la critique note à juste
titre l’existence. Un accueil favorable sera réservé à la présentation de
travaux de doctorant-e-s et post-doctorant-e-s portant sur les axes
suivants :

– L’étude historique des premières réflexions sur l’incompatibilité entre
la vocation démocratique du journalisme et son intégration dans des
réseaux de pouvoir.

– La genèse littéraire du journalisme politique, et les jeux multiples
entre imaginaire et pouvoir qui s’y déploient (caricatures, feuilletons,
pamphlet…).

– L’étude des pratiques journalistiques contemporaines, dans une
perspective sociologique, privilégiant les approches de terrain, centrée
sur les réactions des journalistes français aux modifications de
l’infrastructure de la presse (concentration capitalistique, apparition
des gratuits etc.).

– L’interaction entre le travail des journalistes et le renouvellement de
la prise de parole citoyenne (multiplication des blogs, fanzines etc.).

Les langues de travail seront le français et l'anglais. Les propositions
de contribution (3000 signes max. espaces compris, anglais ou français),
sont à envoyer avant le 15 mai à :

Samuel Hayat (samuel.hayat@club-internet.fr) et à Gaël Villeneuve
(villeneuve@iresco.fr).

Vaga para jornalista na ONU (em Português)

Posted in Agenda by fabiohp on March 24, 2006

O Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) para o Brasil e Cone Sul está selecionando profissional para atuar nas áreas de comunicação, mobilização social e "fund-raising" (captação de recursos).

O link http://www.unodc.org/brazil/vacancy_2006-03-15.html traz todas as informações relevantes sobre esse processo de seleção.

Os candidatos interessados devem enviar curriculum vitae e carta de apresentação, em inglês, para o e-mail unodc.brasil@unodc.org até o próximo dia 27 de março de 2006. Mensagens enviadas para outro e-mail ou escritas em outros idiomas não serão consideradas.

La critique bourdieusienne et les journalistes (en Français)

Posted in Théories / Débats by fabiohp on March 22, 2006

Quand les journalistes voient leur travail réfléchit pour le regard d’un grand sociologue.

Cliquez ici pour télécharcher l’interview de Bourdieu sur France Inter

Jornalistas, intelectuais (no nosso tupi-guarani)

Posted in Théories / Débats by fabiohp on March 22, 2006

O que é um jornalista e um intelectual? Quais são as relações entre as duas categorias? Um primeiro olhar sob o fenômeno nos mostra distinções absolutas, disputas e relações de dominação entre os dois:

1) O senso comum associa os intelectuais à figura dos filósofos, do maître-à-penseur (tomando Sarte como exemplo), do defensor dos grupos socialmente oprimidos e das causas universais e universalizantes. O jornalista é uma figura menor, vulgar. Mesmo que se considere seu papel na social, sua função para a democracia, ele é incapaz de produzir uma obra intelectual.

2) A função do intelectual é de opinar, analisar e mesmo se engajar diretamente num acontecimento. O papel do jornalista se resume a narrar o evento, transmitir uma informação ou o ponto de vista de outrem (de um intelectual, por exemplo)

3) O jornalista tem sempre a pretensão de ser um intelectual. Quando ele tenta entrar nesse espaço, o resultado é sempre a produção de uma obra inferior, de uma análise pret-à-porter, de uma vulgata do trabalho intelectual. Assim, ele não ultrapassa nunca o estatuto de “pseudo-intelectual”.Entretanto, a hegemonia da mídia na sociedade garantiu a esses jornalistas-intelectuais um poder e uma legitimidade pública que ultrapassam a dos “verdadeiros-intelectuais”.

Estas são as três posições que merecem ser inicialmente discutidas.

Journalistes, intellectuels (en Français)

Posted in Théories / Débats by fabiohp on March 22, 2006

Qu’est-ce que c’est un journaliste et un intellectuel? Quels sont les rapports entre les deux?  Un premier regard comprend des distinctions absolues, des disputes et relations de domination:

1)  Le sens commun lie les intellectuels à la figure du philosophe, du maître à penseur (en prenant Sartre comme modèle), du défenseur des groupes socialement opprimés, des causes universelles et universalisantes. Le journaliste est une figure dégradée, vulgaire. Même que l’on considère son rôle pour la société ou la démocratie, il est toujours incapable de produire une œuvre intellectuelle;

2) La fonction d’intellectuel est d’opiner, analyser et même s’engager directement sur un événement. Le rôle du journaliste ne se résume qu’à narrer un événement, de transmettre une information ou le point de vue de quelqu’un (un intellectuel, par exemple).

3) Le journaliste a toujours la prétention d’être intellectuel. Quand il essaie d’entrer dans cet espace, le résultat est la production d’un travail de mauvaise qualité, d’une analyse prêt-à-porter, d’une vulgate de l’œuvre des clercs. Donc, il ne dépasse jamais ce statut de « pseudo-intello ». Cependant, l’hégémonie des médias dans la société a donné a ces journalistes-intellectuels un pouvoir et une légitimité publics que dépasse celles des « vrais intellectuels ».

Ce sont trois positions que méritent être discutés. C’est le début d’un débat?

Intercom em Brasília

Posted in Agenda by fabiohp on March 15, 2006

INTERCOM 2006
XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

Tema Central: Estado e Comunicação

Sede:  

Universidade de Brasília
Faculdade de Comunicação
ICC Norte, Bloco A
Campus Universitário Darcy Ribeiro
Brasília – DF
CEP 70910-900

Fones: (0055) (61) 3307-1925 e 3307-2461

Data: 6 a 9 de de setembro de 2006

Interessante pela diversidade de pesquisadores e pontos de vista. E a FAC/UnB não deixa a desejar em termos de organização.

La diversité de chercheurs, de différents laboratoires, que participent du Intercom, est toujours intéressante. Je peux encore garantir la compétence de la Faculté de Communication de  l’Université de Brasilia comme organisatrice du colloque.

It’s an interesting meeting where you can fin researchers from different universities. I can also recommend the competence of the Department of Communication of University of Brasilia to organize this event.

For further information:

http://www.intercom.org.br/congresso/2006/tema.shtml

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